quarta-feira, 1 de junho de 2011

Dos clichês

Aprendi  que o capitalismo é um sistema predatório por necessidade. Subsiste enquanto ainda existem “terras” (ou mais corretamente na atualidade, setores) virgens a serem exploradas, sobre as quais incha como bolhas em sua exploração desenfrada até que elas estouram, causando mini ou megacrises, dependendo do tamanho da área antes virgem (e agora deserta) afetada.

Aprendi que nem sempre o ciúme é feio, mas que os Trichuris trichiura sempre são.

Aprendi que um texto multidisciplinar é sempre mais interessante, mesmo quando no fundo o objetivo seja falar sobre uma matéria só.

Aprendi que existem pessoas falando em “crise do contrato”, enquanto muitas outras ainda acreditam que os acordos de vontade continuam a ser predominância absoluta na nossa vida civil.

Isso tudo (?) em apenas um dia.

Eu poderia dizer que cada dia de vida é uma grande descoberta, e ser clichê.

Talvez eu não estivesse mentindo, mas tenho certa aversão por clichês. Aversão, aliás, totalmente injustificada. Um clichê bem usado pode ser muito mais prazeroso de ouvir que qualquer declaração inovadora. Que nos diga os “eu te amo” ao pé do ouvido, da boca, de joelhos...




Talvez, no futuro, eu esqueça dos Trichuris trichiura. De vez em quando a vida já nos surpreende com algumas feiúras próprias. É bom não trazer nenhuma já dentro de nós.

Talvez eu esqueça também da crise do contrato. Afinal, toda tecnicidade deveria ter utilidade limitada. É bom lembrar apenas que um dia enxergaram que, quando a vontade é livre, o mais forte domina o fraco. E desde que decidiu-se proteger mais os fracos, as pessoas são menos tristes e mais iguais.

E talvez eu até lembre que o capitalismo é predatório, mas lembre também que aprendi mais da sua natureza feia nas estantes dos Best sellers. Lembrar mesmo? Da felicidade de saber que estou longe de ser o único a desejar um sistema que faça a todos mais felizes.

E no fim?

No fim eu vou lembrar mesmo é das juras de amor. Dos clichês reconfortantes. Das mentiras inocentes e das verdades tímidas, das declarações. Daquele entardecer manhoso. De você naquela varanda, com o mar ao fundo. No fim, eu deixo as informações nos livros.

Eu guardo o amor...

3 comentários:

  1. E eu que, mesmo fazendo biologia nunca fui apresentado aos Trichuris trichiura...
    Adorei o texto, uma gracinha!
    xD

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  2. Eu guardo você, fonte inesgotável de amor e encantamento. Lindo! Marise

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  3. Trichuris trichiura são lindos.
    O que eles causam, nem tanto.
    E relaxa, Baroa, um dia você vai sofrer também, rs.

    C.M.L.L

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