segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Nudez

Há algo em teu olhar
Que me paralisa
Cega
Emudece

Que não me deixa
Em poema transformar
Falta-me ar

Há algo em teus cabelos
Que eu despenteio
Arranco
Mordo, puxo

Que eu não sei explicar
É algo que eu quero possuir
Dominar

Mas quando insinuam-se os teus lábios em sorriso
Me escravizo

Torno-me eterno servo do desejo
Sem nenhum desejo outro
Que teu beijo
Teu queixo

Teu corpo,
Sem eixos.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Já dizia o velho Tom


“O amor é a verdadeira sacanagem”.
Ando cansado de vadiar por aí suplicando por relances de amor. Colhendo às vezes desejo, às vezes paixão, às vezes rancor.
Cansei de pessoas trancadas, de portas fechadas, de armários pro amor.
Eu quero as portas abertas. Mais que portas, quero janelas, pra ver o sol se pôr.
Quero dividir segredos, e ao pé do ouvido, que é pra sentir calor.
Quero arrumar duas malas, comprar duas passagens, seja pra onde for.
Quero esquecer do mundo – que o mundo atrapalha – tem muita dor.
Quero achar o fim do arco íris, tocar estrelas – com o meu amor.
Que se for impossível a gente tenta, a vida inteira, que é pra ter mais valor.
Pois de que vale o amor que é pe(n)sado?
Quando é calculado, com cuidado, pra eliminar a dor?
Quando vem aos poucos, planejado, isso não é amor.
Deixa queimar, meu amigo, deixa arder
Que o amor é chama e quando arde é bom de ver

Mas não só de fogo, meu amigo, deve o amor viver.
Depois de apagar o fogo, não esquece,  traz as panelas pra gente comer.

Depois acende umas velas, que é pra reaquecer
Fala de qualquer coisa, pro tempo correr
Pro tempo parar

Que a rotina, meu amigo, é armadilha do pensar
Pro amor e pro coração é tudo eterno
Deixa ele falar.

domingo, 9 de janeiro de 2011

O Poeta


Minha vida é uma farsa.

Ontem mesmo cantava o vento leve e a brisa leve das manhãs de primavera.

Mentia.

Eu nunca fui primavera.

Ontem mesmo cantava o amor e as coisas mornas da vida.

Mentia.

Nunca na vida hei amado.

Sou uma criatura de verão, nascido da tempestade.
Sou uma criatura de inverno, gelada.

Sou movido à água quente de suor e lágrima.
Sou movido à água fria, que sucede o porre.

Sou água e fogo, sou movimento.
Não me acredites quando for cinza, quando for poça.

Eu minto.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Desejo tropicalista


gullar
fonseca
fernando
          [o pessoa

gil
gal
caetano

que dúvida?

Quem prefere ser fonseca,
Seu ferreira ou seu fernando

À ser gil-gal-caetano?

Da luxúria, solidão e palavras já sei demais.

…eu quero é batucar também.