quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Carolina

Porque não abres os olhos, poetinha
E cantas assim de olhos fechados
Nas pontas dos pés

E faz-me sonhar também?

Como se faz pra tecer com nuvens, menina?
Me ensina,
Que eu quero aprender.

Me deixa entender, ou melhor
Me perder
como tu, que te perdes em linhas
Pra se (e me) encontrar em qualquer verso.

E espalhas tua música em prosa
Que também é canto
E canta

E te espalhas pelo ar em um sopro
Brinca como o sol e a chuva
E dança.


Pro meu espelho. Pro pedaço do mesmo espírito que se perdeu (ou se encontrou?) em algum dos caminhos entre lá e cá.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Boemia


Apontavam, retas e rígidas, a escuridão
Contrastavam com os braços tortos, que iam e vinham
Na contramão
Carregando dourados sóis que quebravam nas bocas em ondas
Deixavam a espuma do mar, branca

E as retas em setas inflexíveis ainda apontavam a negritude do céu.
Ao lado delas, conversas tortas iam e vinham
Em festa, incorrigíveis
Entremeadas da névoa do mar noturno
- O véu!
Que quebrava das bocas em brisa, branca

E as lanças intrépidas retiam a festa, a conversa,
O sol, a brisa, o mar
Maldita grade funesta
Senso torto de propriedade reta
Negra, a me assombrar.