Desapontar-se é morrer um pouco em alguém. Mas se é a morte transformação – o famoso princípio de Lavoisier em ação – já nem sei se seria morte também.
Desapontar-se é silêncio. É emudecer em si sons fáceis – que acalmavam a alma – para acalmar o corpo. O corpo ensurdece primeiro, concreto que é. A alma sucumbe.
É a razão que domina o sonho e acorda. É mais ainda: é aquela odiada voz que sussurra “é um sonho” e encerra a magia, acordando ou não.
É o nada, mas não é estático. É um nada que se expande, de fora pra dentro. Passa pelos sentidos e devora o corpo, pra depois se alimentar da alma.
Deixar de apontar. É o fim de um movimento da alma de projetar-se para fora do corpo, relembrada de sua prisão.
O desapontamento passa as pessoas.
Ele permanece.