sábado, 26 de fevereiro de 2011

Inutilidades

O poema surge do nada
Ele é muito pouco.

É algo pra se ocupar
Uma necessidade
Passatempo
Azar.

Da sorte surgem poucos poemas...

A escrita é tédio, não vê?
É a sublime arte dos vagabundos
Dos moribundos, e não tem um por quê.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Outros outonos


Outro retrato em branco e preto
Em bege e bege
são folhas que caem...

Outro café, outro livreto
um latte bege, um sebo bege
são folhas que caem...

E as folhas que caíam por onde você passou
Ainda caem agora
Você se foi... mas nada mudou.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

(o amor não é) Brincadeira

Eu estava brincando de ser criança com você?
O teu sorriso era tão largo
Tão puro
Que às vezes acho que era o meu também

Os teus olhos brilhavam tanto
Tão quentes
Inocentes
Que cheguei a pensar serem os meus também

Mas eu não sou criança, menina
Sou pedra, sou chama
Desespero e frieza

E sinto mesmo é falta de ser criança outra vez.

Como foi que me perdeste, menina?
Estávamos só brincando.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Dois globos, Um mundo

Hoje o chão nasceu dourado
Devagar
Com preguiça de acordar

Meus pés mudavam de cor como um camaleão
Acordavam
Acompanhavam o chão

Os raios de grama verde tingiam de terra o céu da manhã
Beijavam-se longe, onde não se via
Longe, e o horizonte sorria

“E ainda há quem diga que prefere olhar pro céu”, você disse.

E quando num reflexo involuntário toda a cena se desfez, eu entendi.
A manhã, quando não nasce nos seus olhos
É só mais uma manhã.