terça-feira, 19 de abril de 2011

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Desapontar-se é morrer um pouco em alguém. Mas se é a morte transformação – o famoso princípio de Lavoisier em ação – já nem sei se seria morte também.

Desapontar-se é silêncio. É emudecer em si sons fáceis – que acalmavam a alma – para acalmar o corpo. O corpo ensurdece primeiro, concreto que é. A alma sucumbe.

É a razão que domina o sonho e acorda. É mais ainda: é aquela odiada voz que sussurra “é um sonho” e encerra a magia, acordando ou não.

É o nada, mas não é estático. É um nada que se expande, de fora pra dentro. Passa pelos sentidos e devora o corpo, pra depois se alimentar da alma.

Deixar de apontar.  É o fim de um movimento da alma de projetar-se para fora do corpo, relembrada de sua prisão.

O desapontamento passa as pessoas.

Ele permanece.

3 comentários:

  1. Danilo, não queria fazer um comentário adolescente, mas só posso dizer que é foda. No bom sentido. No sentido único que rege as coisas. Continuo a apontar pra você (ha-ha). Beijo.

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  2. gostei do texto, mas não do sentimento. Espero que esteja tudo bem :D xoxo

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  3. jogo de palavras bem feito sempre me cativa, nao tem jeito.

    O texto é lindo e de ótima qualidade!

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