Maldito cimento que me cerca
Cinza infernal!
Onde está o verde, o vermelho
O amarelo, o azul, o rosa,
E outras cores
- que não por acaso
Esqueci
Não as vejo!
Fúnebre cidade sem cor
Canto a tua feiúra, a tua tristeza
Tua amargura
Canto a minha beleza, a minha riqueza
A minha ternura
Que nunca hás de reter com teu cinza
Ah! Minha triste amante, nunca hás
Sou muito maior que teus prédios
Teus cemitérios
Deletérios
Monumentos
Aos sem cor
Que todos os dias eu pinto
Repinto e remoldo
Ao meu sabor
Na minha mente tu és colorida
És cheia de vida
Minha bela adormecida.
Ainda hei de acordá-la
Em uma linda primavera
Despertar em você todas as flores
- As cores!
Ah! Os devaneios de um apaixonado...
Serei eu que preciso ser acordado?
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